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quarta-feira, 20 de abril de 2011

O QUE É INDÚSTRIA CULTURAL


 A existência de meios de comunicação capazes de colocar uma mensagem ao alcance de grande número de indivíduos não basta para caracterizar a existência de uma Indústria Cultural e de uma cultura de massa.
 A Indústria Cultural é fruto da sociedade industrializada, de tipo capitalista liberal. Mais especificamente, porém, a indústria cultural concretiza-se apenas numa segunda fase dessa sociedade, a que pode ser descrita como a do capitalismo de organização (ou monopolista) ou, ainda, como sendo a sociedade dita de consumo.
  considerada ainda como condição para a existência dessa Indústria uma oposição entre a cultura dita superior e a de massa, apesar dos equívocos envolvidos nessa divisão. Admitida essa divisão, pode-se falar na existência de uma cultura superior, outra média(midcult) e uma terceira, de massa (masscult,inferior). A segunda distingue-se da terceira, basicamente, por sua pretensão de apresentar produtos que se querem superiores mas que são,  de fato, formas desbastadas daqueles. Ao passo que a masscult se contenta com o fornecer produtos sem qualquer pretensão ou álibi cultural.
 É possível ainda, estabelecer-se uma oposição entre a cultura popular, entendida como soma dos valores ancestrais de um povo, e a cultura dita pop, outra designação de cultura de massa. Os mesmos excessos de valorização da cultura superior, diante da de massa, também são encontrados na defesa da popular diante da pop.
 Com seus produtos, a Indústria Cultural pratica o reforço das normas sociais, repetidas até a exaustão sem discussão. Em conseqüência, uma outra função: a de promover o conformismo funcional. Ela fabrica seus produtos cuja finalidade é a de serem trocados por moeda; promove a deturpação e a degradação do gosto popular; simplifica  ao máximo seus produtos, a obter uma atitude sempre passiva do consumidor; assume uma atitude paternalista, dirigindo o consumidor ao invés de colocar-se a sua disposição.
 Ao lado da defesa da Indústria Cultural está a tese de que não é fator de alienação na medida em que sua própria dinâmica interior a leva a produções que acabam por beneficiar  o desenvolvimento do homem. A favor desta idéia lembra-se, por exemplo que as crianças hoje dominam muito mais cedo a linguagem graças a veículos como a TV. O acúmulo de informação acaba por transformar-se em formação dos indivíduos, isto é, a quantidade provocando alterações na qualidade. Ou que a Indústria Cultural acaba por unificar não apenas as nacionalidades mas também as próprias massas.
Não se sabe bem o que é massa. Ora é o povo, excluindo-se a classe dominante. Ora são todos. Ou um conjunto amorfo de indivíduos sem vontade. Pode surgir como um aglomerado heterogêneo de indivíduos, ou como entidade absolutamente homogênea para outros. O resultado é que o termo “massa” acaba sendo utilizado quase sempre conotativamente (isto é, com um segundo sentido) quando deveria sê-lo denotativamente com um sentido fixado, normalizado.Na verdade esta é uma questão um tanto bizantina: essa cultura de ou para ou sobre a massa existe para quem se der ao trabalho de abrir os olhos.
 Havendo preconceito de classe diante das reais dificuldades metodológicas de delimitação do conceito de massa, talvez seja melhor falar-se numa cultura industrial ou industrializada, particularmente quando se pretende atribuir a essa entidade um valor negativo.


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